sexta-feira, 6 de maio de 2011

Liga Futsal Feminina: entendam o desempenho da Kurdana/Cotia na mais difícil competição do Brasil


A competição mais difícil em nível nacional, com características únicas. A Liga Futsal Feminina é a referência para a modalidade no Brasil. Um bom desempenho nela rende convocações para a Seleção Brasileira. Esses e outros fatores devem ser considerados ao avaliar a performance de uma equipe iniciante, mesmo sendo a atual campeã paulista, a Kurdana/Cotia.

As cotianas fizeram sua primeira participação neste ano de 2011. Na Fase de Classificação, marcaram uma vitória, um empate e três derrotas, jogando no Grupo B em Caçador (SC). Terminaram como quinto lugar da chave, ficando de fora das quartas de finais em função do saldo de gols (empatou em quatro pontos com a catarinense ADJ/Jaraguá). Na classificação geral, ficou em 9º lugar entre 12 equipes disputantes.

O resultado, entretanto, não pode ser visto apenas pela ótica dos números frios. Segundo a técnica Andressa de Azevedo, a dificuldade era esperada: "Sabíamos que enfrentaríamos times de alto nível. Somos sim as atuais campeãs paulistas, mas não basta chegar com uma importante conquista para ir bem na Liga. É preciso experiência nesse tipo de competição - o que virá com o tempo e o trabalho".

Andressa fez questão de lembrar o nível da Liga: "Nela temos nada menos do que a atual tricampeã, a UnoChapecó (SC), que, como se não bastasse, é também bicampeã do mundo e possui todos os títulos nacionais e estaduais possíveis no futsal feminino. Na nossa chave, tinha o Kindermann, que era sediante. Antes de Chapecó ser a principal força, o Kindermann que mandava no cenário nacional, tendo inclusive vencido a Liga em 2007 e vindo de um vice-campeonato no ano passado - fora as duas Taças Brasil Adulta que eles possuem. E a Unesc/Criciúma (SC) é uma equipe de tradição também, semifinalista das três últimas edições".

E, sobre o Kindermann, Andressa faz um desabafo: "É fácil criticar o fato de tomarmos 7 a 0. Mas era a nossa estreia na Liga, diante de uma equipe muito forte. Eles possuem a artilheira do último ano (Marcela) além da pivô Luciléia, que já foi artilheira de várias competições pela Seleção Brasileira. Um 7 a 0 no futsal não é o fim do mundo: quando você encara um time forte e rápido, sofre várias chances de gol, aumentando a possibilidade de goleada. Apostamos em enfrentar de igual para igual, mas pesou a experiência do adversário".

Para não parecer exagero, a pivô da equipe de Caçador foi nada menos do que artilheira dos dois Mundiais Universitários de futsal feminino já realizados (2008 e 2010), ambos vencidos pelo Brasil. Além disso, foi a matadora do último Sul-Americano, realizado em 2009 na cidade de Campinas. Um detalhe sobre o Sul-Americano: o Brasil já venceu os três realizados. E na Liga, faturou a artilharia por três vezes seguidas (2007, 08 e 09).

* Aqui só tem fera!


E falando em Seleção canarinha, a competição é realmente a referência. Prova disso está no título do Brasil no Torneio Mundial de Seleções de futsal feminino, disputado na Espanha em dezembro último - sagrando-se o primeiro campeão da história da modalidade. Das 14 atletas comandadas por Vander Iacovino, 12 jogaram a Liga Futsal de 2010. As outras duas chamadas jogavam a Liga Espanhola.

A Kurdana enfrentou quatro delas. No Kindermann, Luciléia e Marcela. Na Unesc, a fixa Taty e a ala Gaby. Para aumentar mais a dificuldade, a equipe de Criciúma trouxe dois reforços que sempre foram chamados para as Seleções nacionais: a fixa Faby (bicampeã Sul-Americana, em 2007 e 09) e a ala Ariane (campeã mundial universitária em 2008). Para completar, a pivô Greice é outra campeã mundial universitária na Unesc (2010).

Fora o que estava na outra chave. No Grupo A, mais seis convocadas do I Torneio Mundial, distribuídas entre UnoChapecó, Palmeiras/Barueri (SP) e Nacional Gás/Unifor (CE). Não há dúvidas: a Liga reúne o alto nível do futsal nacional. Qualquer descuido pode ser fatal. Só o fato de estar nela deve e muito ser comemorado: aqui, só joga a elite, e a Kurdana tem uma vaga permanente.

* Liga: encantadora, com sua lógica peculiar


Agora, os resultados. Não é apenas Cotia que, mesmo com potencial, já sofreu com uma participação difícil. Na Liga de 2009, a Unopar/Londrina (PR) possuía a equipe vice-campeã da Taça Brasil Adulta daquele ano, inclusive com atletas de Seleção Brasileira. Pois bem, numa chave com cinco equipes, ficou em quinto lugar e não foi às quartas de finais. Licenciada deste ano, as londrinenses venceram a edição de 2006 da competição, mas passaram por um terrível dissabor na final de 2007: sofreram 7 a 0 do Kindermann, em Caçador. Ou seja, o mesmo placar aplicado em cima da Kurdana, só que numa final.

Outro clube tradicional, o Chimarrão (RS) padece desse problema num histórico mais recente. Campeão da primeira edição, em 2005, não consegue se classificar aos mata-matas desde 2007. Mesmo assim, a equipe continua a ser respeitada, sendo a maior campeã gaúcha de futsal da história.

A edição de 2010 também foi pródiga em resultados distintos. Vejamos que, no Grupo A, o Barateiro/Brusque (SC) sofreu uma goleada na estreia por 6 a 1 da Nacional Gás. Se recuperou e conseguiu passar como quarto colocado. Já o Palmeiras, que teve resultados apertados em três dos seus quatro jogos antes da rodada final, venceu a UnoChapecó na casa do adversário. Sendo assim, apenas o alviverde e o Kindermann passaram sem derrotas na fase inicial - e o Palmeiras nem terminou como líder da sua chave.

A Liga Futsal segue uma estranha lógica própria: mesmo que você tenha jogado mal no dia anterior, você pode se recuperar contra uma equipe mais forte. Tudo a ver com a máxima do futebol ser uma caixinha de surpresas. Não só pela convocação para a Seleção, a Liga mexe com o cenário do futsal feminino nacional pela emoção que causa.

Como ressalta a técnica Andressa: "As pessoas precisam entender o que é uma Liga Futsal antes de criticar o nosso trabalho e os resultados. Tudo que passamos em Caçador serviu e muito - sabemos onde acertamos e onde erramos, e estamos trabalhando firme para ir bem tanto na Taça Brasil em outubro (a ser disputada em Criciúma) quanto na Liga de 2012".

Não é a toa que a Kurdana está realizando treinos em quadra por dois períodos todos os dias. Antes, havia esta quantidade, mas dividida entre treino com bola e treino físico. Como já é sabido, as guerreiras de Cotia jamais desistem. "Historicamente, toda nossa primeira experiência em competições nunca foi boa. Já estamos calejadas com isso. Se conseguimos tantos títulos para a cidade, foi graças à nossa persistência e ao forte trabalho de atletas e comissão", finalizou.

Um comentário:

  1. tenho muito respeito pela equipe de Cotia,mas infelizmente por enquanto não é equipe de liga nacional...acho que a equipe ainda é muito nova e tem que amadurecer muito ainda pra disputar uma liga,quem sabe ano que vem vcs possam ter uma melhor participação pq esse ano não deu pro campeão estadual paulista neh como vcs tanto falam em todas as materias haha...mas parabens pela 9° posição não foi tão vergonhosa assim...

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