quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cartão Virtual de Boas Festas - encerrando 2011


Esse foi o nosso último gol no ano.

Um gol de Aline Lum, de pênalti.

Sabem o que ele representa?

Representa um clube guerreiro.

Um clube que começou do zero.

Com o desejo e o sonho de duas ou três pessoas.

Que ia para os jogos com cinco jogadoras.

Que fazia "vaquinha" para pagar arbitragem.

Que incomodava todo mundo ao desafiar gigantes. Vencia e ia longe.

Que tinha tudo para desistir.

Afinal, clubes bem mais fortes, com dinheiro e títulos pararam. Porque aquele clube de uma cidade incrustada na Raposo Tavares tinha que continuar?

Sem estrelas, sem recursos.

Pois ele continuou.

E cresceu.

Continuou a derrotar os gigantes. Conseguiu seus recursos, cumpriu seu compromissos.

Ganhava muitos jogos, empatava algumas vezes. E perdia também, claro. Quem está numa competição é sujeito a derrotas.

Só que nunca desistia.

Sempre lutando. Teimoso.

Eram poucas meninas, uma técnica louca e um apaixonado do futsal tão louco quanto.

Hoje, é tanta gente que até os que começaram se assustam.

E não para de vir gente. Gente de perto e de longe. Do norte e do sul.

Que vem e veste a camisa vermelha, de guerreira.

Que vem e veste a camisa azul, da realeza.

Mas são rainhas sem a coroa.

Nem precisam da coroa.

Feliz da rainha sem coroa, pois ninguém pode roubá-la. É uma coroa imaterial.

Que só usa quem entende a força do nome. KURDANA. Um nome diferente, para um clube diferente, uma equipe diferente.

Que soa com a força de um trovão. Que pode ser ouvido em vários cantos.

Um clube que amplia horizontes. Que acredita nas pessoas, formando-as.

Que começou com a bola no pé, na quadra. Que calça a chuteira e vai para o campo. Que usa as mãos para vencer redes e bloqueios.

Que conquista, que cresce.

Que leva o nome de sua cidade para o Estado. Para o Brasil. E até para o mundo.

Que, mesmo perdendo, insiste em buscar a virada.

Que, mesmo com o tempo acabando, incomoda no ataque, mostrando que a vitória vem da persistência.

Que ela pode não vir hoje, mas virá para aquele que trabalha e luta.

Afinal, a vida é tão indigna. Trabalhamos tanto e, quando estamos perto do fim, não temos tantas posses e mal temos saúde.

Mas, no esporte é diferente. Aqui, vence quem trabalha.

Vence quem teve coragem de perder e ser último lugar.

Sim, pois o começo é doloroso. Como um parto. Quem mal sabe andar, fatalmente cai.

Mas cresce. Aparece. E vence.

É quando o último se torna primeiro.

E, se cai do primeiro, o negócio é continuar trabalhando.

Para estar perto do topo, e assim voltar logo.

Algo que só é possível para quem não deixar de lutar.

Pr'aqueles que, com torcida contra e placar bem adverso, insistem em buscar algo.

Mais fácil se entregar, não?

JAMAIS!

Sim, um gol. Um solitário gol.

Fruto do esforço de meninas insistentes.

Uma delas, que chegou durante a jornada, mas atazanou a defesa adversária até conseguir um pênalti.

Pênalti cobrado por uma estrela.

Mas, a Kurdana não era o "time sem estrelas"?

Só que, caro leitor/internauta, você sabe como nascem as estrelas?

Elas nascem de imensas nuvens de gás e poeira cósmica. Ou seja, de um "nada". Que se contrai, esquenta e se divide.

E estrelas raramente se formam sozinhas. Elas se formam quase sempre em grupos.

Ou seja, de onde saiu uma, podem sair várias.

E o que é a Kurdana senão isso? Meninas humildes, que vieram do nada e que encontraram no futsal uma caminho para a evolução.

Para brilhar.

Assim como essa nossa estrela, que veio de uma cidade do lado. De um professor que queria vê-la crescer. Que o clube abraçou, formou - não só como atleta, mas como pessoa.

Essa nossa estrela que encanta quem a vê jogar. Que muitos querem levar.

Que é humilde de coração. Que não se formou sozinha.

Que bateu o pênalti com perfeição, como se o jogo estivesse zero a zero. Ou como se fosse o gol de empate.

Era um gol de honra. E honra mesmo!

Um gol digno.

Mas o futsal, assim como o futebol, não se faz só do que acontece no lance. É feito do antes, do durante e do depois.

Pois ela colocou a bola embaixo do braço e levou até o centro.

O time estava três gols atrás. Só faltavam sete minutos.

Todos sabiam que a virada era muito difícil. Até ela...

Só o esporte é o lugar de quem faz o impossível virar realidade.

E há três maneiras de conseguir isso: TENTAR, LUTAR e NUNCA DESISTIR.

Claro que, naquela tarde úmida de domingo, nao foi possível.

Mas, para saber se realmente não é possível, e necessário fazer essas três coisas.

Fazendo sua parte no grande campo da batalha esportiva.

O impossível nasceu de outras vezes em que a bola foi carregada embaixo do braço.

O resultado não veio, mas o símbolo ficou. Incrustado no coração dos que estavam lá, acompanhando a equipe.

De uma equipe que pode terminar o campeonato de peito empinado. Sabendo que perdeu em pé. Que caiu de pé. Que caiu com dignidade, sem abrir mão da busca.

Que vai para 2012 com o mesmo espírito. Que sempre teve - e sempre terá.

O mesmo espírito guerreiro.

Que até há em outros clubes.

Mas faltam em muitos do futsal, que desistem na primeira dificuldade e não prosseguem na história.

Por isso que a Kurdana é diferente.

Desde os loucos que começaram, já se passou uma década.

Clubes vieram, clubes deixaram de existir.

A Kurdana continuou.

Buscando o impossível. E conseguindo.

E voos mais altos alçará. Estejam certos disso.

A bola embaixo do braço hoje resultará nas vitórias de amanhã.

Mais que títulos, a vitória de quem pode colocar a cabeça no travesseiro e dizer tranquilamente: "Eu lutei!"

Pois maior que a dor da derrota, é a vergonha de não ter lutado.

Isso passa longe da Kurdana.

Não há limites para o trabalho dessas meninas.

E nem dos meninos também.

E, em 2012, todas e todos estarão pelas quadras e campos do Brasil, mostrando a "cara" guerreira do clube.

Buscando conquistas cada vez maiores. Agregando mais pessoas guerreiras.

E sempre, sempre, sempre lutando.

Afinal, o menino humilde que nasceu há mais de dois mil anos, nunca desistiu do seu propósito. É, para aqueles que nele acreditam, o maior dos exemplos.

Ele, que guerreou com paz num período de tantas guerras.

E no esporte, lutamos numa guerra, mas com armas pacíficas.

É onde precisamos do nosso adversário bem e forte, para que a disputa seja bela e inesquecível. Só existimos porque o outro existe.

E lutando pacificamente, assim como aquele menino, chegamos ao fim de mais uma temporada.

A todas e todos que nos acompanharam nesta jornada: aproveitem esse período de virada para se renovarem.

E curtam com as pessoas que vocês mais amam.

Estaremos juntos por mais 12 meses. Podem confiar.

Um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!