Orgulho da Kurdana/Cotia! A atleta Wendy, que joga como fixa no futsal e volante no campo, está na Seleção Brasileira Universitária de futebol feminino. Ela foi chamada para representar o nosso país na Universíade, a versão universitária da Olimpíada, em Shenzhen (China), de 11 a 23 deste mês.
É a segunda vez que Wendy participa de uma Universíade e a segunda que uma atleta da Kurdana é chamada para compor um selecionado nacional. Antes, a zagueira/pivô Fran Amorim foi convocada para a Seleção Brasileira Sub 17 de futebol, durante fase de treinos em 2009.
A volante, atualmente, é aluna da UniÍtalo, onde faz o bacharelado em Educação Física, tendo concluído a licenciatura pela Europan, antiga FAAC - tradicional parceira de Cotia nas competições universitárias do começo da década passada.
E ela já estreou na competição. Entrou aos 36 do segundo tempo na vitória do Brasil sobre a França por 2 a 0 - gols de Daniele e Thaís. A partida foi realizada nesta quinta (11). As canarinhas voltam a campo no sábado, às 05:30 da manhã (16:30 local), contra o Japão. A Fase de Grupos será encerrada na segunda, contra a Estônia.
* Vejam a trajetória de Wendy
Charly Wendy Straub Deretti nasceu em 25/05/1987 em Joinvile (SC), mas sempre viveu em Jaraguá do Sul. Os primeiros esportes que praticou foi handebol e atletismo, porém seu desejo era jogar futebol. Aos 11 anos, começou em escolinhas para meninos. Três anos depois, jogou sua primeira competição de futsal, a OLESC (Olimpíadas Escolares de Santa Catarina). Representou Jaraguá por dois anos e, depois, defendeu Blumenau no primeiro ano de futsal feminino nos Jogos Abertos de Santa Catarina.
Foram três anos ao todo por Blumenau, antes da fixa/volante ser contratada pela Unesc/Criciúma em 2007, entrando na rota de competições nacionais. Fez uma excelente Liga Futsal e, antes desta, recebeu uma pré-convocação para defender a Seleção Brasileira Universitária de Campo. "Fiz 15 dias de testes e acabei sendo convocada em definitivo. Fui para Bangkok (Tailândia), disputar a Universíade em agosto", afirmou. O Brasil foi medalha de bronze e ela entrou em cinco das seis partidas disputadas, sendo titular em uma.
Voltando ao futsal, apesar de sua equipe ficar fora das semifinais da Liga, o seu jogo de forte marcação, disciplina tática e muita raça chamou a atenção do Jaguaré/Osasco, que na época usava a camisa do Corinthians. Tanto que, quando o clube passou a defender o Palmeiras, ela foi a primeira contratada. Tudo começou bem, com os títulos da Taça Brasil Adulta, Torneio Cruzeirão e Metropolitano Universitário - todos nas quadras.
Mas o sonho teve uma parada brusca, com Wendy sendo dispensada de forma controversa. A atleta pensou em parar com a carreira. Porém, o instinto do futebol falou mais alto. Em 2009, defendeu o Olympia de Jaraguá do Sul no Catarinense de campo, sendo vice-campeã. Disputou também competições de futebol society.
Dizem que a volta é melhor e, em 2010, Wendy retornou para São Paulo. Antes era aqui conhecida como Charly, mas voltou a usar seu segundo nome. O destino? Cotia. Atuando pela Kurdana, conseguiu quatro títulos. Primeiro, na Copa Futebol Mulher. Depois, no Troféu Piratininga e na Super Copa Paulista de futsal.
O auge veio no Estadual Principal de futsal. Depois de uma excelente campanha, encarou na final ao Jaguaré/Palmeiras. Seria coisa de predestinada? Ela teve uma primorosa atuação na decisão, disputada em 20 de dezembro. Participou de todos os gols na histórica vitória por 3 a 2, levando um ouro que teve sabor especial.
Quando a fase é boa, temos que aproveitar. Sendo assim, já que cursa Educação Física, Wendy deu seus primeiros passos como técnica de futebol e futsal. Junto com a companheira de clube Daniela Xininha assumuiu a categoria Sub 17 de Cotia. Seu melhor resultado foi o quarto lugar na Taça Cidade de São Paulo.
Em 2011, Wendy voltou a jogar a Liga Futsal, pois a Kurdana conseguiu sua vaga. Não foi um desempenho tão sonhado, ficando em nono lugar. Na Copa Futebol Mulher, um vice-campenato após boa campanha. O melhor momento foi nos Jogos Regionais de Santo André: com chutes precisos e desarmes firmes, foi campeã no futebol de campo, comemorando o bi do seu clube e da cidade que a acolheu.
* Convocação veio na surpresa
Pois foi na Copa Mulher, organizada pela Liga Paulista de Futebol Feminino, que Wendy reencontrou seu ex-técnico da Seleção Brasileira Universitária. Trata-se de Maurício Salgado, o Bari, que comandou o país nas três últimas edições, ficando com o ouro em 2005. A Kurdana enfrentou o Palmeiras em 17 de abril, perdendo de 1 a 0, mas Bari viu que aquela jovem convocada quatro anos antes continuava bem nos gramados.
Veio a primeira chamada para a Seleção Universitária em julho. Kleiton Lima, técnico que comandou o Brasil na Copa do Mundo da FIFA, disputada na Alemanha, ficou como comandante deste escrete também. Nesta lista inicial, nada de Wendy nos 20 nomes.
Porém, algumas mudanças foram necessárias. Segundo informações da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), houve clubes que não liberaram as atletas. Outras informações dão conta de desistências. Hora de chamar outras jogadoras, e Bari lá estava como auxiliar técnico. Mais que prontamente, indicou a atleta da Kurdana, pois sabia de sua seriedade e comprometimento.
A notícia chegou de supetão para a cotiana na quinta-feira da semana passada (04). Ao receber a ligação, caiu em prantos de felicidade. Mas aí começou uma correria: passaporte, visto chinês, malas... Ainda mais que ela embarcaria na madrugada de sexta para a China, com escala em Dubai.
Felizmente deu tudo certo. A convocação foi muito comemorada pelas suas colegas de Kurdana e pela técnica Andressa Azevedo. Claro que a atleta desfalca a equipe nos mata-matas do Estadual de futsal. Mas, quem liga? Uma Universíade é algo muito importante na carreira; duas então, nem se fala! Fica elevado o nome de Wendy e também o nome do clube - podendo dizer, com orgulho, que tem atleta na Seleção Brasileira.
* Entendam a Universíade
A Universíade é nada menos do que a versão universitária dos Jogos Olímpicos. Organizada a cada dois anos, já está em sua 26ª edição. A primeira foi disputada em Turim (1959). O Brasil já sediou uma vez, em Porto Alegre (1963). Há também a Universíde de Inverno, que começou a ser disputada em 1960.
A competição é considerada muito importante pelos países de ponta no esporte. Wendy lembra disso em Bangkok 2007: "Vi as delegações com os uniformes olímpicos de seus países, como por exemplo Japão e França". Na Universíade, as nações aproveitam para deixar os atletas em condições de ganhar medalhas na Olimpíada adulta.
A edição de 2011 acontece em Shenzhen, na China. A cidade praticamente parou para receber 148 países. Eventos locais, incluindo o revezamento da tocha olímpica, chamam a atenção. A cerimônia de abertura será nesta sexta (12). Porém, dois esportes começaram um dia antes, visando dar conta das agendas: futebol e pólo aquático. A cerimônia de encerramento será no dia 23 (terça).
* Futebol na Universíade: Brasil já tem dois títulos
O futebol tem um história peculiar na Universíade. O feminino começou a ser disputado em 1993, com ouro para a China dentro dos Estados Unidos. Depois, só voltou em 2001, em Pequim, com o Brasil sendo campeão em cima da Holanda (2 a 1 na prorrogação).
Após o título da Coreia do Norte em 2003, disputado na vizinha e rival Coreia do Sul (em Daegu), o Brasil foi bicampeão em Izmir (Turquia), derrotando a China na final por 2 a 1, desta vez no tempo normal.
2007 foi a edição de Bangkok, na qual Wendy estava. O Brasil começou bem na Fase de Grupos, vencendo a Rússia por 6 a 2 e a Nova Zelândia por 5 a 2, mas perdeu de forma supreendente para Taiwan por 3 a 1. Isto colocou as canarinhas em rota de colisão com a Coreia do Norte na semifinal, antecipando a decisão prevista.
Nas quartas, venceram a China por 1 a 0. E, no duelo com as norte-coreanas, 1 a 1 no tempo normal e derrota de 3 a 2 nos pênaltis. Na disputa do bronze, o Brasil venceu a Irlanda por 2 a 1 e voltou com a honrosa medalha. Valendo o ouro, a Coreia do Norte foi bi ao vencer a Rússia por 1 a 0.
Em 2009, a cidade de Belgrado (Sérvia) recebeu a competição. O Brasil começou devastador, vencendo seus três jogos. Aplicou 7 a 1 na África do Sul, 3 a 0 na Alemanha e 1 a 0 na Coreia do Sul. Nas quartas de final, a surpresa. Empate em 1 a 1 com a Grã-Bretanha e outra derrota nos penais, agora por 2 a 0. Restou à Seleção disputar o torneio de consolação, ficando em sexto lugar. O ouro foi para as sul-coreanas, fazendo 4 a 1 no Japão.
No masculino, as disputas começaram em 1979, sofrendo interrupção em duas edições. O maior vencedor, surpreendentemente, é o Japão, com quatro ouros, seguido pela Ucrânia, com dois. Jamais o Brasil, pentacampeão mundial de futebol, venceu entre os homens. Algo que segue uma lógica parecida no feminino - Estados Unidos e Alemanha, bicampeãs mundiais, nunca sentiram o gosto do ouro universitário.
* Edição 2011: estreamos bem
O futebol feminino em Shenzhen tem 12 seleções, ao invés das tradicionais 16. Divididas em três grupos, passam as duas primeiras de cada chave mais as duas melhores terceiras. Aí, começam os mata-matas até se conhecer a campeã.
O Brasil ficou no grupo C, com os fortes Japão e França e a fraca Estônia. No masculino, os verde-amarelos estão no grupo B, que tem Ucrânia, Rússia e Malásia; neste, são 16 seleções, passando as duas melhores.
A estreia contra a França não tinha previsão de ser fácil. Daniele abriu o placar aos 13 minutos. Perto do fim da primeira etapa, a capitã Bagé sofreu torção e deixou o campo. No segundo tempo, Thaís fez o gol que decretou os 2 a 0, aos 35.
Faltando nove minutos, Wendy entrou em campo, com o objetivo de segurar o resultado. "Fui bem. Tirei duas de cabeça no meio-campo, em reposições da goleira, além de dar um lançamento em oportunidade de gol. Fiz uma falta, mas coisa do ofício de volante. Agora é esperar o confronto difícil conta o Japão", concluiu.
Nos outros grupos temos as seguintes seleções: China, Grã-Bretanha, Canadá e Taiwan (A); Coreia do Sul, Rússia, México e África do Sul (B).
Vejam, abaixo, a tabela do Brasil na competição, lembrando que a diferença de fuso é de 11 horas a mais e as seleções eliminadas disputam o torneio de consolação:
11/08 - 08:30 (19:30 local) - Brasil 2-0 França - Estádio de Bao'an
13/08 - 05:30 (16:30 local) - Brasil x Japão - Estádio de Bao'an
15/08 - 08:30 (19:30 local) - Brasil x Estônia - Centro Esportivo Xixiang
17/08 - quartas-de-final e torneio de consolação
19/08 - semifinal e torneio de consolação
21/08 - finais
Acompanhem tudo sobre a Universíade Shenzhen 2011 em
http://www.sz2011.org/Universiade
http://www.sz2011.org/Universiade
